Desenhos, pinturas, colagens, esculturas. Estas técnicas facilitam o processo de aprendizagem, a introdução de conteúdos didáticos, estimulam a criatividade, a observação, as coordenações motora e visual, trazem para o concreto o processo imaginativo e mostram de forma clara a visão da criança em relação à sua realidade. Também expõem suas questões, dúvidas e toda uma gama de sentimentos e emoções que a criança esteja vivenciando naquele momento.
Através destas atividades, a criança consegue expressar com facilidade aquilo que ela ainda não domina com palavras e/ou raciocínios lógicos.
Na educação, todos os conteúdos programáticos podem ser trabalhados com o auxílio das artes plásticas. É uma forma natural e divertida, que apresenta resultados rápidos e altamente satisfatórios, já que o processo é vivido. Além disso, é um forte recurso a ser utilizado com crianças que apresentam dificuldade no aprendizado.
Para os psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos, psicomotricistas, fisioterapeutas, homeopatas, também esta forma de atividade é de grande ajuda, pois torna possível uma avaliação detalhada e bem real do momento pelo qual está passando a criança e toda a sua história de vida.
Para enfermeiros, babás, recreadores e pais, é uma forma gostosa de preencher o tempo, descontrair, brincar, esquecer um pouco as dores, o cansaço, o medo e acelerar o processo de recuperação (no caso de crianças doentes), além de ajudar a
formar um vínculo de amizade entre a criança e aquele profissional que, por algum motivo, fará parte de sua vida por um certo tempo e em quem ela precisa confiar.
Porém, alguns cuidados simples devem ser tomados: * O profissional deve ter pelo menos uma noção das fases do desenho infantil.
* Não se deve mandar a criança desenhar, pintar ou fazer qualquer atividade artística só porque não tem o que fazer. A arte não deve ser desvalorizada, pelo contrário, deve ser trabalhada em sua totalidade, por vontade e por prazer, já que é expressão forte de linguagem e sentimentos.
* Devolver o papel para a criança, alegando que ainda tem muito espaço ou escrever na atividade da criança são formas de desrespeito. Ela sabe quando termina o que ela quis dizer e, às vezes, um simples traço no papel tem todo o significado de sua expressão. É exatamente assim que ela quer que seja. Sair escrevendo ou colocando setas é uma invasão do espaço da criança. Até o nome da criança deve ser colocado com a sua autorização e no lugar que ela escolher.
* O tamanho mínimo do papel utilizado deve ser o A3. Papéis menores do que A3 limitam a criatividade e os movimentos.
* Corrigir desenhos ou dar notas a trabalhos artísticos são práticas que nunca devem acontecer. Não há critérios que possam avaliar a expressão artística infantil. Corrigir a arte descaracteriza seu resultado, anula a identidade. É expressando-se livremente que a criança consegue dizer o que quer. A estética, neste caso, é o que menos importa.
* Um erro grave, mas que infelizmente ainda é comum na maioria das escolas, é dar desenhos prontos para a criança colorir. Eles limitam a criatividade, anulam a livre expressão e leva ao pensamento dependente, sem identidade e autômato.
Por exemplo: Pintar o Papai Noel. O correto deve ser trabalhar o tema "Natal", permitindo que cada criança traga suas próprias experiências, que devem ser trocadas e discutidas pelo grupo.
Uma criança pode desenhar um Papai Noel, outra um presente, outra uma reunião de família e outra pode expressar em seu desenho algo triste ou traumático que possa estar associado a esta data em sua vida. Para esta, o Natal ou o Papai Noel pode ser motivo de muita tristeza e é aí que entra o trabalho do profissional que pode, a partir destes dados, juntamente com a criança e todo o grupo, ajudar a explicar este conteúdo, levando-a a resolver internamente uma questão que ela não vai mais precisar carregar como um fardo para o resto da vida, evitando uma série de problemas que iriam desencadear a partir do fato original.
Além disso, a criação do desenho deve ser da criança, do jeito dela, não importando a estética e sim o significado. É a possibilidade que ela tem de treinar e cada vez mais melhorar, sendo ela própria sua crítica e, neste sentido, deve ser sempre estimulada a fazer o seu melhor e não o melhor do professor. Do contrário, a criança passa a se julgar incapaz de reproduzir artisticamente seus próprios pensamentos, achando-os inferiores ou errados, assumindo os estereótipos e transferindo este resultado para a vida adulta, como dificuldades para iniciar algo, medo de expor suas idéias, não consegue desenhar e se tem que fazê-lo, esboça aqueles estereótipos, o que também é um bloqueio da criatividade. Aí está criado um enorme obstáculo, na maioria das vezes, difícil de ser vencido pela dificuldade de ser exposto ou até identificado pela própria pessoa.
Decorações de murais e salas de aula devem ser feitas pela criança ou ter o máximo de sua participação. Se aquele é um espaço "dela", onde ela vai permanecer por certo tempo, então ele deve ter o seu jeito, a "sua cara" para que ela se sinta acolhida e à vontade. Isto ajuda muito no processo de adaptação à escola. Até em consultórios ou em quartos de hospital é interessante que exista um espaço onde a criança possa se expressar, como um mural.
Não devemos dizer à criança o que fazer na atividade plástica, nem dar opiniões sobre seu trabalho ou nomes ao que ela fez. Um tema pode ser trabalhado, porém a criança deve estar livre para criar e expressar o que sente. Ela sabe exatamente o que fez e é capaz de ser crítica com ela mesma. O profissional deve estimular a criança e não colocar suas opiniões pessoais no trabalho artístico dela.
A arte nunca deve ser obrigatória. Se a criança, por algum motivo, não quer fazer o que foi proposto, isto deve ser respeitado. Podemos sugerir outras opções de atividades que possam interessá-la naquele momento.
A escolha de cores utilizadas pela criança deve ser respeitada. Se ela pintar um elefante de rosa com bolinhas azuis, é porque naquele momento são estas as cores que estão representando seu estado emocional. Além disso a arte é livre, sem limites, sem fronteiras, sem lógica. Torna possível tudo o que imaginamos e quanto mais estimulada a criança, maior sua imaginação e conseqüentemente maior possibilidade de respostas diante da vida.
OS MATERIAIS Os materiais devem ser adequados a cada faixa etária e a cada atividade proposta. Deve-se ter o cuidado de não dar à criança, materiais que possam oferecer qualquer risco.
Também é interessante saber se a criança tem alguma história de alergia a qualquer material.
Basicamente são usados papéis de diversos tipos, cores, texturas e tamanhos, lápis de cor, canetas hidrográficas, pincéis, giz de cera, tintas atóxicas, revistas, jornais, colas a base de água e tesoura sem ponta, além das sucatas.
A argila também é um material muito indicado, pois é natural, dá prazer ao trabalhar e é ilimitado em termos de criatividade, assumindo, inclusive, uma função terapêutica. Só não é indicado para crianças muito pequenas que ainda levam os objetos à boca. Neste caso, o ideal são as massinhas caseiras feitas com farinha de trigo e anilina comestível.
